Consciência Negra: Pinto Bandeira
Esse ano, nossa escola através do Mais Educação, criou uma parceria entre escolas, onde a Professora Coordenadora do Mais Educação Ana Lúcia, organizou na nossa com os alunos e seus monitores uma puxada de rede. Ela criou parcerias entre as escola , proporcionando para a nossa e para outra escola, uma aula de cultura e consciência.
A Puxada de Rede. O
Labor dos Pescadores transformado em Folclóre
A História
A Puxada de Rede, era a
atividade pesqueira dos negros recém-libertos, que encontraram na pesca do
“xaréu” uma forma de sobreviverem, seja no comércio, seja para seu próprio sustento.
Nos meses decorrentes entre outubro e abril, esses peixes procuravam as águas
quentes do litoral nordestino afim de procriarem. Então era a época certa para
lançarem a rede ao mar.
Era
uma atividade muito laboriosa. Exigia-se um esforço tremendo e um número muito
grande de homens para a tarefa. Os pescadores iam para o mar de madrugada ou às
vezes até à noite, para lançar a enorme rede, para só então de manhã
puxarem. A puxada da rede era acompanhada de cânticos na maioria em ritmo
triste que representavam o labor e a dificuldade da vida daqueles que tiram o
seu sustento do mar.
Além
dos cânticos, os atabaques e as batidas sincronizadas dos pés davam o ritmo
para que os homens não desanimassem e continuassem a puxar a enorme rede, o que
paradoxalmente dava um ar de ritual e beleza àquela atividade. Quando enfim
terminavam de puxar a rede, eram entoados cânticos em agradecimento à pescaria
e o peixe era partilhado entre os pescadores e começava o festejo em
comemoração.
A Lenda
Alguns
contam que o ritual da Puxada de Rede começou com uma lenda.
Um
pescador saiu à noite para pescar com seus companheiros, como de costume e
apesar da advertência de sua mulher que o repreendeu acerca dos perigos de se
entrar em alto mar à noite, se embrenhou na imensa escuridão do mar negro da
noite, levando consigo apenas um a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes. Sua
esposa pressentindo algo ruim, foi para a beira da praia esperar o regresso do
marido. Quando esta menos esperava se surpreendeu com a visão dos pescadores
voltando do mar muito antes do horário previsto. Todos os pescadores voltaram
com exceção do seu marido que por descuido havia caído no mar e como estava
escuro nada puderam fazer. A recém viúva cai em prantos. De manhã os pescadores
ao puxarem a rede percebem que estava muito pesada para uma pescaria ruim e ao
terminarem de puxar a rede vêem o corpo do companheiro junto aos poucos peixes
que pescaram. Os companheiros então carregam o corpo do pescador nos ombros em
procissão, pois não tem dinheiro o suficiente para pagar uma urna e fazer um
enterro digno.
Hoje
E foi
assim que mesmo após a pesca do xaréu, quase se extiguir, que a Puxada de Rede
se tornou parte do folclore brasileiro. Hoje a Puxada de Rede como manifestação
folclórica é encenada nas praias de Armação, Carimbamba e Chega Nego. Todas na
Bahia. Durante a festa trabalham 126 homens, sendo 3 com funções especiais que
são respectivamente, chefe, chefe de mar e chefe de terra, os outros 123 tem
funções como catadores, homens de mar e homens de terra. São necessários 5
meses para a confecção da rede e mais de um kilometro de corda. Durante a
encenação são entoados cantigas escravas como no tempo dos antepassados
Muitos grupos de Capoeira também,
apresentam o ritual da Puxada de Rede, assim como o Maculelê, preservando assim, mais um elemento
importante da nossa cultura e principalmente evitando que caia no esquecimento.
Também tivemos além da puxada apresentações relacionadas de outras escola: